terça-feira, 16 de agosto de 2022

um pouco tristeza me bateu agora que eu percebi que não poderei presenciar uma obra que acontecerá em vitória. será um outdoor, na curva do saldanha, uma das vistas mais lindas da cidade... a diaspora é triste também

sábado, 23 de julho de 2022

 Houve dias, em que a Violencia deste Mundo retirou de mim o prazer de viver, e quando isso acontece, aprendemos o quão cara é a nossa vida. 

domingo, 29 de maio de 2022

 mas eu agradeço

agradeço por eu reclamar sem remorço

agradeço por eu senti o que hoje sou de verdade: uma mulher. agradeço. eu sofro hoje pelo que eu sou, e nao pelo que ja fui. agradeço. te amo. agradeço. 

gostaria de ter um homem ao meu lado hoje para apenas sentir o peso de seu corpo em cima do meu que ja esta exausto por conta da ressaca. agradeço. gostaria que fosse você. gostaria que meus problemas ja tivessem sido resolvidos, gostaria de ter nascido rica, sei que as coisas nao funcionam assim, sei de tudo, mas gostaria que meus problemas ja tivessem sido resolvidos. 

 queria ser reconhecia como sol. queria ser amada como eu sou, antes por mim mesma... porque é tao dificil ? porque essa foi minha missão: nascer neste corpo e cuidar dele todos os dias? lapida-lo para consegui transforma-lo naquilo que eu realmente sou? porque essa foi minha missão?

 ao certo, I can say: soy una ninã, uma mulher, uma menina, um passarinho que gosta de dormir pelada, que as vezes não gosta de ter penas, que as vezes chora por ter asas, que as vezes gostaria de ser forte o sucifiente para voar até sair deste planeta e voltar para de onde nasceu e assim poder dizer: posso descansar aqui? possi ficar um pouco aqui? eu posso desistir de minha missão? eu posso escolher fraquejar? eu posso escolher por não querer mais fazer aquilo que propos fazer naquele outro planeta da onde vim corrida? 

eu gostaria...

nao sei mais, acho que por agora o que eu quero realmente é apenas dizer isso

sábado, 14 de maio de 2022

 por vezes quero me controlar, e sinto que isso tem aver com a nitida e obscura percepção que tenho do funcionamento desse corpo... será? 

e se eu simplismente abandonasse tudo que aprendi e me arremessasse naquilo que sinto? 

Eu me sinto cansada de me podar, eu me sinto cansada de lidar da mesma forma com os problemas que tenho. Me sinto pronta para viver a vida de uma forma que sempre quis... contraditória? Me sinto capaz de lidar com as contradicoes, me sinto capaz de beber agua e cuspi-la na cara de alguem. 

Tenho vontades terríveis sobre algumas pessoas que aqui não posso confessar.... confessar? não se trata de pecados capitas, mais sim.... vingança. Eu não me vingo antes da violencia da mim ser cometida. Entao eu nunca me vingo, sempre me protejo. Sim, hoje sei o significado da palavra inimigo, pois ao longo desses primeiros anos eu criei alguns. E estou feliz em saber que eu não o substimo. 

Gostaria de ser mais forte, mais guerreira, mas as vezes me pergunto: pra que? qual é minha luta? Eu luto apenas por lutar? Aquele sonho que tive, eu usava uma espada de ogum e matava a todos em minha volta, inclusive minha familia. Foi então que ogum chegou e me ensinou como usar a espada para matar determinadas vidas, e nao todas. 

Hoje sinto que posso ter descanso. Sinto que posso ser amada e amar. Sinto que eu quero amar, quero trabalhar e quero chegar em Africa. É dificil, mais é minha verdade. Quero dinheiro para comprar minhas seguranças, ainda que algumas delas sejam meras ficções.  

domingo, 1 de maio de 2022

 é importante: quando leio um livro, e repentinamente mudo minha atencao para um filme... isso desestabiliza meu transe, e eu posso sentir meu coracao comecar a bater mais rapido, talvez eu possa ter medo e pensamentos perseguitorios, porque enquanto rstou lendo um livro, meu corpo esta em momento de atencao suspensa. mudar essa atencao deve ser feito com cuidado, para nao me assustar...

aprendi isso hoje e gostei muito

quinta-feira, 28 de abril de 2022

My art is a design and a desire of the big true of universe life: the transmutacion. My life belongs the Exú. Every day, I ask to me: if I arrival in moon tomorrow, whats I say about me to astro? Certainly, I wouldn't introduce myself saynd abou teh race or gender. I only say for the moon: Im free. So, I work in photografie/video, painting, performances, texts-books, sculpture and instalations (temples). 

terça-feira, 19 de abril de 2022

 a chuva que não conhecemos 


Quando amanhã eu abrir os olhos,

6 musculos serão rompidos pela substancia.

Não saberei me comportar como um animal, e aceito minha volta para casa, kalema.

Pedi para chuver quando eu novamente aqui estivesse em Jupiter. 

Pois quando eu estava na Terra, não me satisfazia o principio da água 

O principio do travestismo. A podridão do verbo

Pedi para que a substancia ocorresse em minha materia, e comprovasse pra mim que estou viva após a morte

E ainda que os aneis de Saturno não existissem àqueles olhos, precisei acreditar e defende-los enquanto naquele Mundo eu vivia por alguns momentos

Não consigo chorar, pois não sou feita de sangue. Mas lembrarei desta explosão, e quando voltar a viajar entre as dimensoes planetárias, direi sobre o bigbang e sobre a morte das estrelas

Porque a água nao é o prinicipio da vida cideral, mesmo a raça não sendo o principio da vida naquele planeta 

Pensei em trazer um pouco de liquido negro, para devolve-lo transfigurado ao Sistem Solar, e assim novamente modificar a história. Mas como eu iria levar petróleo para outro planeta, sendo que minhas viagens acontecem em sonhos e com a morte? 

Estando aqui sinto sede. Estando aqui, eu me sinto extra-alguma-coisa. Então eu realmente preciso dizer que o erro da colonização foi nos fazer sentir que realmente somos de outros mundos e planetas? 

Sim, ultrapassar o desafio da sobrevivência ocidetal me gerol ansiedade, porque todos os dias eu lembrava que o Sistema Solar não existe, sim, por isso transformei aquele orgão em uma vagina, porque agora, neste momento, nada mais existe se não lembranças que me fazem querer chorar, mesmo não sendo mais uma espécie terráquea. 

Isso é uma transição? Por favor, se me leem agora, é porque eu realmente decidi aprender a falar.  

E por isso eu dormir sem saudades, depois de décadas aprendendo a me comunicar de varias formas com viagentes do tempo: Exús, vuduns, orixas, inquises. Eu levantei da cama, olhei para o céu e senti: é hoje que vou morrer. 

 

domingo, 3 de abril de 2022

 Sobre o poder da oração:

Sim, orar para o que é preciso. Para a que a fé se torne inabalável. para que haja desejo, gloria, amor e paz entra nosotras. para que minha vida seja um choro incontrolável e um arrepio profundo, mas nunca um ranger de dentes. Orar para que eu possa amar voce e aquele que me prometeu um futuro melhor. Orar para todos voces, e para mim para quando eu estiver com voces. Orar para o fim de minha inseguranca, e minha fome ou vontade de estar viva enquanto uma escrava. Orar para agradecer a exu, a maria padilha, a ze pilitra, a todas as vidas extra terrenas que me beijam a minha testa todos os dias que me desejam uma boa noite. orar para a escuridao celestial e amar como se aqui, este planete, fosse o céu. orar pela vida, pela morte, e pela minha vó, para que ela nao possa descansar e nao precisar mais passar as noites orando por mim. orar para minha tia para que ela possa ser livre como me ensina todos os dias de minha vida quando me diz: viva sua juventude. orar pela minha irma e pela minha sobrinha e por minhas primas que sao minhas irmas e por minhas amigas que sao minhas irmas e por todas a minhas irmãs: oro para que cada uma de voces crie suas proprias maes. orar para as minhas maos, meus dedos. minha fome, meu corpo que pinta, escreve e pensa. orar pela minha paciencia. orar, orar, orar, orar, orar, e orar até nao lembrar de quando tudo comecou

quarta-feira, 16 de março de 2022

I want live that image: I stop in a window, and Brazil is a bed or a wall behind me, and I just look to the sun out my first home... I look to the other woord, to other world, and I get up, walking to that sun. .. that other place

segunda-feira, 14 de março de 2022

 se eu pudesse dizer a mim mesma sobre o que eu gostaria de ser, eu voltaria para aquele dia de quando eu tinha 13 anos e respondi a pergunta de minhas amigas da seguinte forma: eu quero ser artista, e eu quero ter um grande amor cujo o qual encontrarei em alguns lugares que juntos combinarmos.  Um grande amor que vive em lugares diferentes do Planeta, e me possibilite execultar minha jornada aqui, mesmo  quando eu queira desistir. Um grande amor que viva outros amores, com tamanhos diferentes... Alguns desses outros amores eu chamarei de enormes, mesmo sendo pequenos, e vice versa. Um grande amor que  aceite e nao desista de mim quando eu também estiver amando em outros tamanhos. Isso seria o ideal pra mim. Eu respondi disso numa manhã quente, estava na aula de Educação Fisica, no meu ensino fundamental. Como eu tinha medo e vergonha de praticar esportes, neste dia eu estava brincando de algo que era assim: criamos uma tabela e preenchemos com palavras que comecem com a letra sorteada. Esse jogo se chama adedonha. Em uma das aulas de Educacao Fisica, meu primo Tereu me deu coragem pra jogar futebol... coitado, ele se esforçou. Ele me protegeu, mas eu sentia que ele tinha vergonha de mim ou por mim, as vezes. Mas ele sempre cumpriu o pedido que meu pai, seu padrinho, o fez: me proteger. Interessante.... Estou pronta para viver o meu sonho, porque agora eu entendo que eu nao vivo um sonho sozinha. Nao é tudo que sera realizado. Em certa medida, nao é possível que um sonho seja realizado..

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Sonda


Its a happen where I go transform my body into a probe, for discovery other sistemas communication, like happen in the specific moment when the caterpillar transform in butterfly. Or, when we in other planet, and we vocabularys dont serve for nothing. 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

 Posso dizer que hoje, de fato, foi um dia especial. Eu olhei para os lados e pude agradecer.... ou melhor, eu estive fora de mim e permitir meu corpo ser o seu... nao sei explicar, foi especial! sim, foi especial. Estive com voce, e voce me permitiu fazer o que era necessário... ok, tenho apenas a te agradecer! Ok, tenho apenas a te referenciar! ok, obrigada. Maria Mulambo. 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

 ao certo, hoje viverei uma zona ao qual por tempos distintos em medo, por eles, sim, me machuquei. De fato, aqui estou, eu sim vivi aquilo que durante a tarde deixou meu corpo numa frequencia parecida com aquela que ocorre em zonas fora deste planeta... por isso meu corpo parece não consegui suportar o que sei ser possivel acontecer comigo? Sim, porque sei ser possivel a mim, viver a explosao novamente, de quando minha materia nao correspondia ao sistema dos orgaos... quando eu nao era corpo? 

Estrelas possuem órgãos? Planetas possuem órgãos? Jupter possui órgãos? Quando eu passei a te-los? Foi quando eu ultrapassei a atmosfera terraquea ou quando eu fui imaginada por grupos daquela especie? Digo, minha presença aqui antecede minha matéria, pois cultuaram-me como uma ideia, uma deusa, uma entidade, antes mesmo de minha chegada aqui, porque nunca houve naquela espécie a cognicao necessária para compreender que nao existe anterior a mim quando sou eu o principio de suas vidas. Enquanto vivem, assim me cultuam, pelo simples ato de desejarem sobreviver, ai existe o culto. Sim.

Religioes nao sao necessariamente um fato ruim das nacoes, ainda naqueles tempos anteriores a modernidade. Nomearam-as com outros desenhos, essas aglomeracoes nas quais as especie se disponha a ultrapassar a dor que corrresponde a uma lembranca ruim tao quanto a sua origem: nao posso enxergar a forca responsável pela minha existência?

No entanto, nao existe nada que nao se possa enxergar, pois a invisibilidade é uma questao de perspectiva, e nao de condicao primaria ou secundária da genetica daqueles animais. Digo, é uma questao de corpo ou matéria, quando conversamos sobre composicao quimica do planeta Jupiter? Novamente, Jupiter possui orgaos? Ou melhor seria imaginarmos o fim do dia e da noite, e demonstrar a nossa cognicao, a imagem de uma etenridade cuja os dias sao marcados pela cotidianeidade de equilipses, cometas e vibracoes sonoras vindas de outras satélites que nao a lua que presenteia o planeta terra; este planeta. 

Entao hoje eu escolho recontar a historia.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

 intonses... si, no hay la possibilidade de destruicion de un fetiche sen experienciar lo miesmo. Digo, nao estabeleco aqui uma justificativa... apenas uma constatacao. Enquando destruimos um fetiche, o vivemo. 

É triste. 

domingo, 19 de dezembro de 2021

 ngasakidila 

obrigada

gmisakidila 

eu nao sei agradecer àquilo que nem mesmo sem dizer o que é. para agradecer a algo eu preciso saber o que é. nao se agradece ao nada como se nao houvesse ali algo, ainda que apenas o vazio. digo, quando agradecemos afirmamos a presença, a existencia, a sabedoria e as vontades da matéria que nos possibilita proclamar tais gestous ou desejos: ngasakidila, obrigada. 

entao eu agradeco a mim mesma, porque eu decidi fazer de mim a minha propria filha, fiz de mim um momento embreagado, e ali deitei, olhei para o céu, e tonta proclamei: obrigada, sei que nao conseguirei voltar da mesma forma, mas aqui estou e use-me da maneira que achares e sentires que devo ser usada, pois eu digo sim: SIM, sou uma ancestral do futuro. Eu sou a morte. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

 após um sopro, minha garganta não mais importava pois o vento se fez foi pela minhas narinas. De boca fechada pensei: nao gostaria de lembrar, preciso de paz. No entanto senti novamente a presenca dos traidores. Foram alguns anos defendendo nossos encontros, e bastou eu dizer sim à mim que meus olhos foram desfeitos de seu lugar privilegiado, minha pele tornou-se o principial suporte da tristeza, entao sempre que eu lembrava deles, em minha pele sentia um arrepio de fora pra dentro ou de dentro pra fora, nao importava, o que eu desejava era esquecer da verdade: muitos daquelas criaturas escolhem todos os dias pela traicao, ainda que me amem. 

Sim, é um triste fato. 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

 acreditas naquela espécie como um farol que acredita que o mar nunca o ira destruir. 

pensas que aquele grupo de animais sao pescadores, pois ainda estam presas nas redes, achando que elas sao abracos, convites, favores. Se alguma de voces forem colocadas em aquarios, sei que sentiram amadas. Mas os olhos de quem assiste o nado sincronizado com o desejo do pescador... esta bem, matamos o pescador de fome, se migramos, mesmo com medo. Trocando de lugar veremos algumas de nos sendo engolidas por criaturas maiores, sendo enlidades por olhos adgua, viveremos novos problemas e enquanto contiuarmos a jornada da migracao, seremos livres. 

 Traidores: aqueles cuja a leaudade foi abandonada no momento em que escolheram se render à vergonha de nos amar

predadores: aqueles que nao conhecem a vergonha e assim amam o fato de poder nos matar. 

mergulhadores: homens corajosos, no entanto, homens. 

mar: não existe quando descobrimos que podemos respirar de olhos fechados, ainda que nossos olhos consigam enxergar a transparencia da agua se metaforseando para a escuridao. Pois a transparencia pressupoe um fundo de color inestimável ao olhos do pescador, ainda que este homem acredite em sereias e coma animais nascidos no fundo do mar. 

eu: sim, uma criatura estranha cuja a qual tem medo de viver sua liberdade pois nao sabe o que é descansar em outro lugar que nao o mar. 

mar: transforma-se num aquario quando ignoramos a necessidade de seu fim, as praias e ilhas.

mar: o berco de um furacao quando respeitamos sua vontade e decidimos deitar de barriga para cima, e deixar nosso corpo ser arrancado da inercia pela forca liquida, o sangue. 

mar e sangue: desenhos diferentes que dizem sobre a mesma coisa, o principio da vida, a liquidez. 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

 Eu sonhei que estava prestes a viajar. Perto de mim havia livros enormes sobre espaco cideral, o lugar neste momento era uma biblioteca velha. Havia varios livros enormes , mediam a metade de meu corpo, tinham capa dura e estavam empoeirados.  Mas eu estava atrasada. Em outro momento, eu aterrizava no meio das dunas no maranhao, eu precisava escolhar se ia para direita ou esquerda, entao eu decidia ir para direita ou esquerda. Estava eu no topo de uma das dunas, e neste topo havia toras de madeira enterradas que impossibilitavam eu cair, entao fui me apoiando nelas ate chegar no fim da montanha de areia. Fui me arrastando, para nao cair em alguns dos lados, e no fim cheguei na rua asfaltada, entrei dentro de uma casa e onde eu ja conhecia as duas mulheres que estavam la dentro. Eu a disse que precisava encontrar a Ge Viana. Eu estava tranquila, segura. Precisava ir para Sao Luiz. Acordei. 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Ainda não consigo falar de sua morte, no entanto a morte não é nada mais que uma inevitabilidade vermelha ou branca, que nos sugere alguns sacrifícios tristes e necessários a serem feitos. De fato não se trata de um herói, pois de fato, percebo que infinitude e eternidade são flores diferentes, feias quando plantadas com ganância. E eu penso em você como a beira mar, pois eu passei muito tempo tendo medo do que eu sou: uma grande onda, que afoga seus amores, e os assistem morrer. É complicado, triste, porque não somos heróis, não somos a resposta, não somos a chave que abre um tempo onde não há violência, porque não vivemos esses delírios; ainda que soframos por decidimos caminhar nas estradas por eles abertas.  Trata-se de uma jornada de um guerreiro? Não sei, eu diria com o sol, com júpiter. Então eu diria: trata-se da jornada de um asteroide, como esse cuja rota era colidir com nosso planeta. Sim, a jornada de um corpo celeste... névoa, poeira, sons inalcançáveis à algumas que leem, e o magnetismo sideral que juntou, separou, tem em sua órbita anéis e  quando sua gravidade mudou... e continua dançando... eclipse... um quasar... Jaider Esbell.




quinta-feira, 4 de novembro de 2021

 hoje me despedi de você sentindo a tristeza como um vento que passa, que chega por direcoes diferentes e em momentos importantes ou nem tanto. que passa, mas que sempre chega. no entanto, sempre passa. 

me despedi sempre foi um grito dos mais dificeis a serem construidos, porque eu nao sei viver apos do fim. eu sinto Que nao existe volta após o fim, porque nao existe passado, que nao existe até o mesmo o adeus. só existe uma nova vida a ser trilhada, e para que voce esteja comigo te convido a também entender que eu disse fim a nós, disse fim a mim, e disse fim ao futuro prometido. eu disse fim ao futuro. e olá ao inesperado. 

Mas esse é um momento, dura a quantidade de tempo em que o fim é anunciado pela minha boca. No primeiro momento em que eu digo "acabou", as coisas realmente passam a acabar. é um marco, ainda que fiquemos o resto da vida tentando terminar e construir outra relação, o que acontecia ja acabou, ainda que fiquemos o resto da vida mentindo pra nós mesmos que temos aquele amor, aquele cuidado que ja nao existe mais. 

o fato é que eu sou uma princesa, herdeira de um trono que ainda nao o nome mas tenho a lembraça de que sofrerei para assumi-lo. e estou fazendo o que deve ser feito: abandonar a nós, para construir outra de mim, meu reinado. Eu sou uma princesa medrosa, serei uma rainha justa. Sim, eu nunca pensei em te banir de meu reino, mas o fato é que em meu reino há outros amores, outras preocupações, porque meu reinado nao é voce, porque nao desejo comandar sua vida. Realmente, quero todos voces livres.

Eu perdir minha mae logo cedo. E durante esses anos de sua ausência, aprendi a fazer escolhas. Decidi que serei uma mae que ensinarar aos seus filhos que eles sao crias de outras vidas além de mim. Eu sou fruto de outras coisas além de nós. Por isso sou livre. 

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Ahora soy una kalema, forte, segura se si y que no mas se assusta con tu proprio viento. Solamente soy esta barulho que te extrana y que me faz vibrar en la presencia de mi miesmo: kalema. 

Sy, soy yo laquela que para olvidarte de ti, te olhestes en tu ojos e falastes: adeus, não mais te quero por perto. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 Estava eu olhando admirando meu pesadelo, que naquele momento continuava a me seduzi com seu movimento, Son e cores marinhas. Já não há pesadelos quando desejo estar junto a ti, ainda que você seja uma de minhas mais perigosas inimigas; oh grande Onda. Sim, sou sua e naquele passeio te admirei e te protegi com aquilo que tenho de mais sagrado e verdadeiro em mim: minha voz. Gritei para que ouvir "olhe para as ondas!"e quanto maiores eram, mais minha boca enchia de alegria. Eu fechei os olhos e enxerguei seu campo magnético acontecendo em mim, forma de lagrimas. Suas cores azuladas se derramavam num estranho branco que cintilava minha saudade e minha gratidão em te ter aqui por perto; meu sangue. Era calor, o passeio aparentava esta acontecendo num festival daquele esporte em que esses animais tentam se equilibrar na imprevisibilidade de forma, na forma de seu cheiro, no mar e em seus dilúvios. É lindo quando tudo se desabada, suas partículas demonstram em grande escala que tudo esta prestes a se misturar, ainda quando temos medo das tempestades. Pois o meu medo é te esquecer, e ja nao o tenho quando consigo dançar junto com oce. Dancei, gritei, briguei e sai de sua areia, subi a rochas e entrei dentro de um tempo que estava suspendo no ar e enraizado na terra; que interessante, pois me parece ser real os fins dos relacionamentos. Pois o encontrei, eu o queria próximo a mim e ele disse-me raivoso sobre uma poesia em que eu havia dito que nao mais o amava. De fato, mas mais o amo, pois a saudade que tenho nao é dele mas de nós. A questão que se apresenta é: se novamente o desconheco, então haverá a inevitável possibilidade de novamente ama-lo. Mas fiquei quieta. Mas expliquei a ele. Demos um beijo. O beijei. Ele continuou com raiva, mas eu estava serena. Atenta a sua raiva. Ele desejava ver a mesma forma, mas pescadores sabem que nao existe o mesmo mar ainda que esteja no mesmo barco procurando por aquele peixe que ja foi assassinado e jantado pela sua família. Pescadores conhecem o mar, tao bem quanto os surfistas. Mas surfistas sao necessários, interessantes aos que tem medo do mar e a nos que nao somos daqui mas aqui estamos. No entanto, os pescadores sao os que mais me apetecem. Pescadores sabem que os peixes nao sao seus maiores tesouros, pois sabem que a pescaria é um exercício espiritual que nao se restrigem a carne, e sim ampliam seus repertórios de memória, modificam sua alma. Porque os tesouros que encontram na pescaria sao ventanias, sabores, medos e anseios. E tambêm as informações necessárias para continuarem sua jornada neste Planeta Terra. Encontram-se comigo, sou eu quem lhe dou o fim, sou eu quem lhe amo e sou eu quem lhe quero a pescar para mim. Pescadores sao informantes, eles sao os meus peixes. Peixes do vento, peixes do ar. É isso que são. 

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Ó grande morte, venha ate mim e quebre todos os meus ossos, ate se tornarem farinha, e fumaça e fogo. E o fogo que arderá meu sangue, há de se tornar o liquido que lubrificara minha garganta para que eu possa gritar : EU NAO QUERO! NAO QUERO ESTAR AQUI, LEVEM-ME COM VOCES. ESTOU PRONTA. Eu quero esta aqui, dentro desta agua barrenta que chamamos de praia. Em Jacaraipe as aguas das praias sao assim, barrentas e quentes. Mas quentes do que as praias de vitoria. Mas em nenhuma delas há a temperatura de meu sangue quando encontro vocês. Sim, porque nao sou uma praia, nao sou o mar, nao sou Yemanjá. Sou o vento, nao sou os peixes, nao sou a beira mar, não sou as aguas podrificadas pelo esgoto de Vitoria, nao sou um navio, nao sou a rede. Eu olho para o horizonte, e entendo. Eu entendi, eu sou Castiel, meu nome é Castiel e um dia terei entre minhas pernas um buraco por onde também me afogarei sempre que eu tiver medo de pronunciar minha mais pura verdade, em voz alta: meu nome. 

 

Ok, então chegamos ate aqui. Digo a mim mesma quando voces estao aqui na minha frente, e digo a vocês que eu também estou em suas frentes. Eu tenho vontade propor uma dança. Ou melhor, uma reza onde nos posicionaríamos num circulo, de costas umas pra outras e cada uma de nos iria gritar como golfinhos. Nao escoltaríamos umas as outras, porque nao haveria essa possibilidade a partir do momento que em nossas vidas se desmanchassem dessa forma bipide que nos tornamos e neste momento seriamos azuis, para exemplificar aquela cor que eu enxerguei mas nao sei dizer o nome. Azul escuro, e de outras tonalidades. Sim. Estou aqui, na beira do mar, e estou começar a ficar com raiva porque ainda estou aqui. Estou com raiva porque vocês me olham e nao me tiram daqui. Tirem-me daqui, agora! Agora! Eu quero que me tirem daqui agora! Que facam o buraco agora! agora! AGORA! 

Desculpe. Desculpe-me! Desculpe porra. Desculpe, desculpe, desculpe. Que merda! Eu sou uma merda. Arg! 

Que merda, desculpe-me. 


quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Muitos iriam se afogar quando forem saciar sua sede de mim. E se migrarmos, os pescadores morreram de fome.

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

a porta é o que há de mais importante num quarto, e a escolha de entrar nao deve ser entendida como a correta, e sim, apenas uma escolha. Permanecer fora, entrar ou sair, sao possibilidades, experiencias que não compõem uma hierarquia de afetos, porque afetos possuem qualidades inúmeras, por vezes contraditórias, e a contradição não é um limite, ou um convite, mas uma condição irrevogável de nossas vidas. 

então o Quarto de Cura é um espaço perecível de liberdade, um elemento ecológico e nada mais. Sua experiencia é fora e dentro, e também acorre ou inaugura zonas de intersecção, como o magnetismo entre o planeta terra e a lua. As coisas não sao sao simples assim, como dentro e fora, e o Quarto de Cura pode sim ser uma encruzilhada, pois de fato é. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

não existe nenhuma separação entre arte e alma. e meu trabalho é sim um exercicio espiritual. mas temos espiritualidades diferentes e não estamos no mesmo barco. e eu acredito na transfiguração da alma, mas eu não tenho interesse em participar de alguns de seus cultos. e eu não me importo se venham até mim desejando um banquete ou uma preta-velha benzendeira, porque em todo planeta há bruxas, terapeutas ou artistas, mas não são todas que me interessam. e eu não cultuo os generos ou a negritude. então não entre em minha obra se deseja encontrar com o seu demonio. ou saia de minha obra imediatamente quando perceber que ainda deseja encontrar em mim, suas vontades. acredito na cura como um desencanto. 
obrigada 

#quartodecura em @frestas.trienal.artes

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

 encontrei-os e persisti, decidi dizer sim ao fim da imagem e o encontrei, o beijei, o chupei e nada foi registrado ao não ser minha lembrança. olhei para o lado, e nossas sombras criaram uma escultura lindíssima no barro vermelho, mas não fotografei: fechei os olhos e pedi para que aquela cena nunca fosse esquecida. e ta dando certo. 

domingo, 8 de agosto de 2021

 não há erro entre nós. apenas uma enfermidade, um fato ruim que se sucedeu. daqui eu não gostaria de ter feito aquilo, e daqui também eu sinto que não fiz nada, foi obra do acaso. nosso destino se concretizou, nos encontramos, e no encontro vivemos o acaso. interessante, e espero que você não tenha ficado chateado comigo, ainda que a situação nos tenha deixado chateados. sim, cheatamo-nos com a situação. eu queria que continuassemos no radar um do outro, talvez tentar novamente. mas não tenho coragem de assim o fazer, porque estou magoada comigo mesma e com a siuação. homens: criaturas estranhas, as quais me apaixono e me desenamoro-me. sim, eu penso que aos proximos, oferecerei uma cerveja, porque preciso disso. sim, é um fato: entramos no mar, nos sujamos e não soubemos lidar com isso naquela situação. 

 me sentindo sozinha, porque aceitei que sim quero ser feliz nesta encarnação. porque meu corpo não se separa, ainda que se distancie de vocês e nós. então, sim, eu quero ser feliz, então, keine, yo quiero ser comida como un animal que tem rabo ainda que em minha espécie ele tenha desaparecido. mas eu estou aqui, pedindo, suplicando a mim mesma, porqueres e quereres, eu digo a mim: vá! faça! se decepcione, chore, durma! realmente, pois, a vida é triste, é choro, é decepcionante por as vezes. sim, você não é uma bruxa, por isso sua bruxaria é tão verdadeira consigo mesmo, porque você não é uma bruxa. sim, sou eu quem decidiu por aqui estar. então sou quem volto a dizer: quero ser penetrada com carinho, amor e força. entre em meu corpo, e faça dele algo interessante à mim e a você. 

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

 recentemente eu descobri que sou uma sereia. Mas não é esse o meu nome, e estou tentando encontra-lo, me sinto sozinha. Porque ainda não sei qual é a lingua, a palavra, ou as letras, só sei que existe, que eu existo. mas não sei como dizer sobre mim, e a disforia atrapalha. porque não sou mulher, não sou uma sereia e não sou negra, então o que sou se é tudo isso que as pessoas acham que eu sou?  estou sozinha entre conhecidas, pois agora sei que não sou daqui ou tenho possibilidade de ir para outro lugar, achar minha outra familia... o que faço se não confio em ninguém em minha volta? porque as pessoas em minha volta acham que sou negra, mulher, travesti, sereia. mas não sou nada disso, estou além disso. estou falando de violência e deslocamento radical dessa história. onde fico? para onde vou? para onde vou se não estou conseguindo me comunicar com ninguem sobre para onde quer ir? com quem eu devo falar? e porque? acho que devo continuar seguindo minha intuição, sei um lugar e vou batalhar pra ir la.... farei o que for necessario... mas quero me sentir segura.

domingo, 1 de agosto de 2021

 Eme mukua kalunga. 

La santa muerte es una kalema, kaloza. 

Kubanza, kisoneko, kindala. Soy tu, somos la forma de la menya...

La anatomia de la menya. Y la santa muerte és un momiento, un movimiento... Es una kalema.

Y, el Mutuna, es un mona, un mudilongi, una mukanda à kalunga. Um designo de la kalunga. 

sábado, 31 de julho de 2021

 Prepadores e seus alimentos 

E se abandonassemos o desejo de mostrar a eles, outros modos de se alimentarem? Mas se o alimento somos nós, então a fome de nossos predadores continuara sendo saciada. 

E se nós, apredessemos a alimentarmos de outros modos, cuja a fome não se direciona para os alimentos de nossos predadores. Então, como seria construir outra rotina alimentar, que não aquela que nos conecta com os predadores. Ou seja, retirar de nós a vontade de querer ser alimento, e passar a caçar. 

Então eu caçarei. E farei o que for preciso para saciar minha fome de agua. 


quarta-feira, 28 de julho de 2021

jogou sua rede, Exú.
E eu não pude fazer nada além que respirar e agradecer. 
ngakumenekena, ngana, akwetu e!
Kuzola. Kwenda. Kukoka. Ngasakidila, Exu Caveira. 
Pois, aqui dentro, Djina dyami...
Djina dyami... Eme, lelu ni maza, soy la anatomia de la menya
Lelu twazwela menya. Pois não há nada mais a ser feito por mim, esse é o meu destino: ngizeka mu usuku quando la luna não mais estiver no céu, e sim dentro de mim. Porque soy la anatomia de la kalunga; lelu ni maza. 
Eme mukua kalunga. Kiene!  Kyanda!

quarta-feira, 30 de junho de 2021

 🦞😘 parece-me que soy una espécie diferente pero no soy ? si, kiene, soy la forma de la sensacion de muerte. la santa muerte. ou, kana, soy la kyanda angolana que se alimenta junto de los mortos. kiene, si. la hechicera llegó a la luna...si, soy amante de los marujos ou dos homens que matam os peixes. os amo, os quero perto de mim. soy kyanda. os quero perto de mim. 🌊🦞😘

quinta-feira, 24 de junho de 2021

una mujer invertida, un hombre maldito, unaflor, una tormenta. Si, soy tudo isto pero no se mi nombre. Pois soy tudo isso. Pois no soy nada mas que un respiro citrico

quarta-feira, 2 de junho de 2021

 sincronicidade é possivel porque nao ha separacao, ainda que a distancia nos faça pensar que sim ❤️

terça-feira, 1 de junho de 2021

REZA 

Eme

Eie

Etu

Enu

Ene


Ngana Nzambi, ngassakidila por isso. ngassakidila ngana nzambi. ngassakidila. A memória não existe sem a permissão. O desejo prevalece, o caminho se modifica, mas meu desejo em continuar a de prevalecer.  

Ngana Nzambi, afaste de mim todo e qualquer medo, vergonnha, boicote, desamor, makongo. quero ser lembrada como um vento húmido, uma tempestade de verão, quero ser essa kalema, kalema, kalema. kalema, kalema e kalunga. 

kalunga, kalema

kalema, 

kalema

kalema, kalunga 


preta velha feiticeira, preta velha kimbandeira a ganga zimba abalao. berimbal tocou yuna,  tocou berimbal kalunga, um toque triste de morte, a capoeira foi jogada ao som da triste canção. na boca de um ganga zumba, no fundo do coração. ieee vai la menina, mostra o que o meste ensinou, mostra que ao arrancar a planta que a semente ali plantou, se ela for bem cultivada, dará bom fruto bela flor. 

kimbanda  

iêe

iêe

iêe

dipanda, dipanda, dipanda, dipanda, dipanda, dipanda 

eu não sou daqui, capoeira. eu sou discípulo de zimba, foi ele que me ensinou. eu quer capoeira, eu quero ver a rasteira, angola e regional. 

Henda, muitas saudades 

medo, tunda. kalunga, me dai forças! 

tunda, tunda, tunda medo! kalunga, me dai forças. 

Henda, henda, muitas saudades de vocês minhas imãs. Encontrarei cada uma de nós, até quando eu não mais lembrar do nome que nos deram. 

Encontrarei cada uma de nossas que já não lembraram que existimos. Eu sou a mensageira. Eu sou. Nos encontrarei. 

Venham até mim, chamem pelo meu nome. Me chamem pelo nome que eles não sabem. me chamem pelo som que eles não escutam. me mostre que não estou sozinha, me mostre o caminho do prazer, tire-me desta história, leve-me para onde eu disse que iria e hoje já não lembro mais onde fica.  

Malembe 

jikulumesso (abre os olhos/ fique atento)

Ngassakidila 

Henda, se iavula, ibeka njinda! 

não vou esperar a maré baixar, porque tenho amo quando meus pés não tocam o fundo do mar. 

quando a maré baixar. 

Kangiji ku utenda, kena ku ufua! 

Kianda

Kianda

Kianda

Te espero, te quero

Kianda

Kianda

Kianda

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Top para Castiel 

cor:8

Busto (medida 1): 98

altura do top (medida 2): 15

medida (3) 72

quadril (medida 4): 90

altura do vestido (medida 5): 67


Vestido para Castiel 

cor: Branca

Busto (medida 1): 98

altura do top (medida 2): 15

medida (3) 72

quadril (medida 4): 90

altura do vestido (medida 5): 67

sábado, 8 de maio de 2021

Corpoflor não é a Castiel. No entanto, esse não é o meu nome. Castiel. Sim, eu a tornei possível. Castiel deve sua via à Corpoflor. Obrigada, sou eternamente grata, meu sangue te pertence, use-me.  Mas nunca te disse que seria diferente. Faça-me sua. Obrigada. Sua voz é possível porque eu te permito, eu te permito respirar. Obrigada. No entanto, não sou você. Eu sou. Sim, exatamente. É exatamente isso. Outras pessoas também podem encontrar comigo. 

domingo, 4 de abril de 2021

 vontade de encontrar e mais, visualizar, enxergar que existem pessoas aqui por perto de mim iguais a mim

vontade de ver como elas se relacionam entre si. como sente prazer


 consegui. consegui. consegui. consegui. estou aqui, mesmo que esteja nova e assustada com tudo o que esta acontecendo comigo, estou aqui. sou forte... sim, sou forte. corro dessa frase, mas hoje sinto que ela faz sentido e me é necessária: sou forte! me sinto um bebê: recente, assustado, com medo, curioso. Me sinto Iris, minha sobrinha. ela ama Lara, sua mãe minha irmã. Senti isso hoje, foi lindo presenciar ela correndo de volta para Lara, olhando para o rosto de Lara. É uma conexão maravilhosa, deliciosa de se ver.

Eu nasci esses dias. renasci.. minha pele ta toda sensível, meu corpo todo esta de prazer. tenho medo, me assusto, tenho vontade de sentir mais prazer. sou uma princesa, sou uma guardiã, sou cuidada, protejo e sou protegida. eu nasci aqui com milhares de anos. sou velha, ou madura, ou profunda. tenho uma missão que me foi despertada nestes últimos momentos. tenho medo de não consegui. Vou consegui! 

Sei que vou consegui! 

sou uma princesa. sou uma delas, pertenço à essa história: existimos! sereias existem. eu vou consegui! 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

La vida. la creación: un movimiento mojado. Un momento embriagador.

Un camino sin vuelta. Una verdad adormecida. Una niña muy oscura que tiene miedo que

una gran ola inunde toda su isla. La vida, una mentira. Un conjunto de delirios,

que para no olvidarme de comenzar a soñar e imaginarme una sobreviviente del mar;

me sumerjo y me transformo en pez. 

Os homens: criaturas estranhas, pelas quais me enamoro e desencanto-me… uma espiral bonita, um ciclo gostoso de se viver. Te espero tentando não sonhar com aquilo que nunca me prometeu, porque sei que também não os darei o que desejam: o domínio sobre minha existência; até porque nem eu sou capaz de mim mesma, por isso surpreendo-me quando me olho no espelho e me desconheço. Me lembrei que não sou daqui, então haverá decepções por ambas as partes. Sereias: não as conheço, e sei que sou uma delas. Gosto dos homens porque são animais terrestres e não conseguem respirar debaixo d'água. Gosto de mim porque não tenho medo do dia em que o Sol explodirá os homens e suas casas, as sereias e suas águas. Gosto dos homens, gosto do fogo. Sou uma feiticeira. 


domingo, 10 de janeiro de 2021

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

lembrei do porque. precisei ir la e gozar novamente para entender o porque abandonei essas imagens. porque esses cultos são cultos ao esquecimento. E foi a lembrança que me fez voltar. isso não é uma  formula, é apenas um lembrete. e lembrei, eles estão fadados ao esquecimento, porque o culto é ao descarte e não há efemeridade. cultuar é respeitar e acolher a efemeridade, então talvez aquilo nao sejam cultos. ou sejam, mas outros cultos. 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Estou triste. Acordei e me sinto tonta, bebi muito nos últimos dias. Estou triste e preciso descansar. E também tenho vontade de batalhar por um novo amor, mas não sei pra onde ir. Acho que essa tristeza, cansaço, e agitação antecedem o amor. E nos acompanham enquanto amamos e quando deixamos de amar. Hoje chove em Vitória, e não sei o que fazer com essa chuva. Desejo bebe-la e deitar no meio da rua e deixar ela me molhar. Quero fazer tudo isso, por isso fico agitada. E a tristeza me acompanha, e preciso respeitar sua companhia.  

domingo, 27 de dezembro de 2020

 Contato

Estava eu num lugar da cidade onde havia um rio, e ali eles chegaram. Vinheram dos céus, pousaram nas aguas. Eu olhei de perto sua chegada, algumas pessoas correram, outras continuam comigo.

Meu trabalho era entrar em contato com aquilo, e aconteceu. Chegou um momento em que um deles me convidou para encontra-los. Eles tinham corpos parecido com o nosso, mas a pele era azul pálida, ou furta-cor brilhante. Eu cheguei perto, me desarmei e imediatamente eles apontaram um objeto para mim, apertaram o gatilho e eu e todos eles nos tornamos invisíveis. Para mim foi rápido, para quem assistia foi lindo. Eu queria ser telespectadora, mas também estava bem em ser coíba.

Percebi que eles ja estavam entre nosso grupo de trabalho. Um de nossos colegas ficou em coma, a Iris conversava com a alma dele. Ele a contou que seu ombro estava quebrado, e Iris ficou aguniada porque falar sobre isso para outras pessoas que ali estavam a colocaria em vulnerabilidade. Como ela iria justificar essa informação ainda sendo vista como uma homossapiens sapiens? Mas ele acordou e ela arriscou. Conversou com ele em frente a todos, e disse ali mesmo o local exato de sua fratura. As pessoas ficaram espantadas, e ela saiu da sala após da as recomendações.

O que havia acontecido com Iris e Luiz? O que estava acontecendo comigo?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

 

subir, descer

Era preciso avisar que não era preciso preocupação. O mistério continuava seguro. Era preciso o fim, e estávamos num momento de contemplação desse fim; no entanto, para alguns era hora de arrependimento. Minha missão era informar que o segredo continuava guardado. Para isso eu não precisava relevar nada, apenas informar.


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

 Estou andando, e fui para muito longe. Será que antes de morrer, você também atravessou o atlântico? Talvez o que precisamos seja de um novo abraço, e isso é interessante porque eu comprei pra você uma garrafa de café que você nunca veio buscar, ou eu nunca fui te dar. Talvez porque não era mesmo pra nos encontrarmos. Talvez foi preguiça, medo. falta de vontade ou paralisia de saudade. Ansiedade. Sei que nunca gostei de café, e isso não tem nada a ver com você. É que quando acordo, gosto de beber algo gelado. Essa temperatura fria me desperta, a quente me deixa ainda mais tonta de sono. Mãe, fomos para longe uma da outra e eu esqueci o significado dessa palavra mãe. A palavra esta vazia, isso é bom e ruim. As vezes me sinto órfã, as vezes em luto as vezes livre. As vezes sinto que quis muito ser você. Hoje sou. Transmutei a carne e minha cara ta ficando mais feminina. Algumas pessoas dizem que estou parecida com você. Por conta dos nossos cabelos curtos também.


Prefiro a palavra Ingrid, seu nome. Porque nele cabe um montareu de coisas que não cabem na palavra mãe. Em Ingrid cabe mãe, mas talvez em mãe não caiba ingrid. Sou assim também.

Foram 11 anos dizendo que você sumiu. Agora sei que você morreu. Esse mundo tem me cansado tanto que tenho vontade de morrer também. Morrer é descansar, e estou aqui trabalhando para que seu descanso pós morte aconteça. Porque sei que depois que morremos também continuamos trabalhando.
Eu queria te abraçar mais uma vez com esse corpo que tenho hoje, mas sei que nos encontraremos no além. E não tenho pressa. Hoje faz 2 anos que meu avô bininho se foi. Continuo encontrando ele, sonho, intuição...

Com você também é assim.

Acho que o problema sou eu também. O limite dessa encarnação. Eu escolhi voltar, sai de dentro de você. Sei que escolhi, e estou tentando escolher o descanso. Minha carne é fraca, se cansa, quer dormir, tem frio e calor, tenho cede, fome, tesão... Então mesmo que eu saiba te encontrar na kalunga, meu corpo também pede o encontro carnal.

Acho que com sua morte eu consiga sentir saudades e falta. A morte é linda, nos ensina a viver. Cria espaço em quem fica. Espaço pra saudade. E a saudade é uma forma de lembrar que uma parte de nós precisa ser alimentada. Não sei qual era sua comida preferida, mas sei qual é a minha e posso te convidar para comer junto comigo. É assim que cultuamos... alimentando. E assim seguimos a vida até ela nos avisar que a morte chegou e nos espera.

Chegamos ate aqui e eu te amo. Me leve à morte. Não sei como foi sua passagem, mas quero morrer bem.
abraços

 a mulher

Eu pedi para entrar numa sala que só ela tinha a chave. Ela era professora. Era artista. abriu pra mim, dancei. Depois ouvi mais uma musica e quis dancar novamente, e ela ficou com raiva e me perguntou: porque você fica tentando nos imitar ? Tentando fingir?

Eu disse: eu não estou fingindo, eu sou. Estou vivendo o que sou!

Tudo aconteceu dentro de minha escola de ensino fundamental

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

 o fogo não se propaga sem o ar

O fogo e o ar. Retirar o ar para o fogo não existir. Um animal peçonhento que sempre volta, que insiste. Por um instante, Abandonar a matéria que necessita de ar para viver e retirar o ar do ambiente para que o fogo se acabe. O fogo utiliza uma pedra para atacar a nação do ar. O fogo e a terra.

A nação da agua prospera enquanto o fogo é atacado pelo ar. O ar brigada com o fogo e a agua ganha tempo. A nação da agua vive um belo momento de refinar seus conhecimentos. Calma, firmeza, tempo, segurança: enquanto o fogo é atacado pelo ar, são esses sentimentos que prevalecem na agua.

Mas é na agua que a vida nasce. É na agua que o verme torna-se a nascer. O animal peçonhento precisa de agua e de um corpo para sobreviver. Esse é o karma da agua: criar a vida, seja ela qual for. Esse animal aparecera enquanto houver ar. A agua afoga os animais que veneram o ar. A agua da a vida e mata com vida. Não há vida sem agua, não há conexão sem o ar. E entre a agua e o ar mora o fogo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Lembrar daquilo que esqueci, enquanto subo e desço a Fonte Grande . Criar um mapa das fontes da Fonte Grande.  É uma promessa que fiz pro meu avô Bininho, que descobri ser uma aposta que ele fez em mim. Subir e descer semanalmente a Fonte Grande durante o tempo que me for necessário viver. 

E talvez o que eu precise seja de coragem. Obrigada pela saudade. Pois estou correndo, correndo, correndo para muito longe e aqui cheguei. Eu sou a mensageira. Eu sou Castiel Vitorino Brasileiro. Eu sou filha do vento que venta no mar e que aqui espanta o meu medo da morte. Assim serei cultuada: como aquela que desejou morrer bem, morrer dormindo. Aquela que morreu, matou, sacrificou sua sanidade e gritou e girou e disse bem alto que: estou aqui de passagem, abandonarei vocês mas os terei comigo sempre que precisar voltar.  

E voltarei, serei parida na Boca da Mata quantas vezes nos for necessário. Não caibo nos desenhos que vocês chamam de números. Sou infinita. Sou efêmera. Sou agua com sede de fogo, sou fogaréu que queima hibisco e libera o cheiro que desentendemos. Em você eu sou a estrada, o desvio, o movimento. Em mim você é o sangue que derramarei para eu não esquecer que não serei estacionada pela sua mediocridade ou covardia.  

Serei novamente filha? Tenho sonhado muito com minha mãe, esse ano.... serei novamente filha? Serei mãe? 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

 acelerou, acelerou, acelerou

 ontem senti que sou diferente de uma amiga que ja foi minha referência. mudar de refência.... o que acontece depois? 

volto pra Vitória na próxima semana, e volto para anunciar que não sou mais a mesma e que daqui uns meses irei novamente embora para continuar a modificação de meu corpo. até quando? até eu morrer. a vida é um longo preparo para morte....

volto sem querer ser vista por muitos, porque sei que lá, muitos ainda me veem como aquilo que já não sou. volto para construir um lugar onde serei respeitada; por mim mesma, sobretudo.

volto para informar, para dar adeus, para descansar....

será que um dia morarei fora do país? esse ano passei 10 dias em Berlin, estou a pensar sobre isso. o mundo acabou? 


sábado, 31 de outubro de 2020

descer a Fonte Grande e ir estudar no Maria Ortiz foi um adeus doloroso porque eu queria sair do ciclo que fui criada no Anacleta mas não queria ir para aquela escola. eu não queria criar um novo grupo, não queria me inserir num novo ciclo frágil de amizades... tinha medo disso.  acho que a dor foi porque eu sabia que o adeus era inevitável, e a dor do encontro com o desconhecido.. ou com a certeza de que novamente seria violentada.  uma dor relacionada a estar sozinha. a dor de sentir na pele e no osso a qualidade inevitável da vida. o que era inevitável à mim não era a solidão, nunca foi. a solidão pode ser evitada, sempre soube disso. acho que a dor era em saber que construir vínculos é doloroso, difícil, incerto. na verdade eu não queria ir para lugar nenhum. eu não tinha lugar. eu era infeliz comigo mesma, meu corpo era rígido, contraido. quando eu sorria, eu colocava as mãos em minha boca. em meu ensino fundamental eu aprendi a contrair e no fim dessa escola eu fui arremessada no mundo que me exige a expansão. não havia meus vizinhos, primos comigo na sala de aula. não havia meus primos para me proteger. eu estava sozinha, estava sem os homens. e eu não era homem. nunca consegui ser homem. então eu estava sozinha. eu entendi que ser inteligente me ajudava em algumas coisas, então aprendi a olhar em silêncio, escultar com baralhos, escrever cansada e me comunicar. teve um dia que fiz uma redação e a professora de História perguntou se tinha sido eu mesma que tinha feito, porque no texto eu usei o ponto-virgula. comentei com minha amiga, orgulhosa disso.. sempre foi um prazer ver as pessoas se surpreendendo comigo, com a minha inteligência. essa professora era branca ruiva, de história. a vida colocou a filha dela na mesma turma de psicologia. estudei com aquela desgraçada na faculdade... com a filha da professora branca que se surpreendeu com minha inteligência. ela continuou se surpreendendo comigo durante todo o ensino médio. apresentei um trabalho sobre Malcon X, no ano seguinte ela pediu para eu orientar os alunos dela da turma anterior a minha, ela amou essa apresentação. eu também. meu primeiro namorado também se surpreendeu com a minha escrita. antes da gente namorar, éramos amigos. ele me queria e eu queria ele. nessa amizade ele elogiou minha inteligência em saber diferenciar A de HA. foi engraçado e me fez bem. eu gostava de surpreender porque tinha o prazer de ver as pessoas sendo deslocadas da imagem que fizeram de mim? ou eu gostava de causar essa confusão que eu mesma sentia comigo mesma? acho que as duas nunca deixaram de acontecer. 

eu comecei a escrever esse texto porque estou ouvindo musicas que me fizeram lembrar de minha formatura. na formatura nenhum de meus amigos e amigas do Maria Ortiz estavam. apenas eu fui. me formei sozinha, junto com pessoas que eu detestava. me formei sozinha. olhava da sacada do Maria Ortiz e me perguntava "porque vocês não vinheram? "eu estou aqui, porque vocês não vinheram por mim? ", "eu estou aqui por vocês". Experimentei novamente o sentimento de abandono. Eu amava aqueles meninos e meninas. um de meus amigos de ensino médio rompeu comigo, deixou de falar comigo... depois de 5 anos encontrei ele numa festa e ele me agrediu verbalmente. ele é bissexual, ou gay ou sei la.. negro como eu. soube que agora ele faz uso de medicamentos para depressão ou ansiedade... não sei qual adoecimento ao certo, sei que acompanhei um pouco disso no ensino médio. passei o ensino medio todo sendo a única bixa entre minhas amizades. quando o ensino médio acabada, todos os meus amigos se assumem gays. novamente sozinha. o abandono... o rompimento, adeus.. sei la. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

 eu aprendi a encontrar minhas amigas com a meditação. sei sentir nosso vinculo sutil. nossa alma interligada. aprendi estando longe delas, porque estar longe me faz ter coragem para me sacrificar ao encontro. então fico buscando formas de encontra-las estando longe. e criei varias dessas formas. agora eu quero fazer o caminho de volta. quero encontra-las pessoalmente, em carne e osso. quero sentir o osso e carne. quero encontra-las, abraça-las, beija-las, sentir sua temperatura. eu fiz amizade em todo o Brasil. mas nenhuma substitui minhas amigas de espirito santo. nada substitui nada. mayara, roger, rodrigo, eva, dora, laura, marcela, julia, natan, thais, gabi, mateus, minha irmã lara, minha sobrinha iris... renato santos. sim, é uma saudade dos meus amigos e amigas. é isso, uma saudade cotidiana. uma saudade de um cotidiano que ja vivi e do encontro que ainda posso viver com magno...  

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

 há 4 meses atrás eu fazia 24 anos. eu me dei de presente dreads, e sonhei com o formato que estou hoje; sem extensões feitas com cabelos de pessoas que desconheço. agora as vezes me imagino careca, sem cabelo. me imagino nascendo de novo e não tenho medo. mas tenho preguiça, cansaço, me pergunto: será que quero ter essa força? mas sou filha de Exú, e não posso ter querer. ainda sim, quero descansar, e depois decidi o que fazer. porque ja sei que vou continuar, e sei que desejo continuar. sei que o sacrifício sera feito, porque eu amo me sacrificar. quero esta preparada para isso. quero esta descansada para gozar com o sacrificio. cheguei num nível dificil. esse ano fui para alemanha, morei em Berlin por 10 dias. quero ir pra vitória, construir meu local de descanso. tenho insegurança.. medos de cometer os mesmos equivocos que meus pais e padrinhos sofreram em suas construções na fonte grande, mas não há culpa... a colonialidade é a responsável pela evasão e minha volta é um desejo meu. um desejo meu. eu construi esse desejo. estou construindo coragem. e quero o descanso... 

serei novamente filha? tenho sonhado com minha mãe nesse ano... serei novamente filha? ou serei mãe? 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

 Todos os filmes foram produzidos no Espírito Santo, e essa será a primeira exibição,em festival, dos curtas O Trauma é Brasileiro e Lembrar Daquilo que Esqueci. Essas três obras são desdobramentos de minha pesquisa acerca das tradições Bantu que acontecem no estado, especialmente no Morro da Fonte Grande e na Ilha de Vitória. Experiências e assuntos  como o segredo/mistério, o tempo espiralado, a travestilidade, a escuridão, a negritude, as memórias da transfiguração, a macumbaria, são alguns dos pilares que organizam e desorganizam essa pesquisa estética-clínica que tem sido feita através ( entre outras linguagens) da produção de filmes.  

As três obras foram produzidas de modo independente, tendo a equipe técnica formada completamente por pessoas racializadas e dissidentes de gênero e sexualidade.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

 um despacho pra exu e uma oferenda à pretos velhos, isso que sou. sou um o comprimento de um sonho e o resultado de uma imaginação: a liberdade. meus bisavós sonharam com a sua liberdade e construiram possibilidades para isso. sou a liberdade. sou resultado desse senho. sou o que continua o sonho. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

 Eu fico vidrado na tua luz, no teu sorriso lindo. Vc é perfeita, é um grito e um milagre. Aliás, ontem revisitei o Trauma é Brasileiro. Viva o ebó epstemológico de macumbaria e travestilidade. Vc é incrívelmente incrível 💜

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Hoje cedo eu arrenquei meu coração deste corpo que não o merece. Este corpo que o sobrecarregou, que extrapolou a capacidade de absorção e filttração de emoções desse orgão, que agora descança em meu colo.

Ao ser arrancado deste peito, meu coração sangrou lágrimas. Chorou sangue. Se fez carne suja de ressentimento e cansaço. Foi então que eu o levei para um banho de ervas. Usei arruda, guine, alfazema, malva e hortelã. Mas não foi suficiente.


Precisei abrir meu coração e o intupir de sal grosso. Ainda havia sujeita escondida em suas dobras interiores. O sal então as engoliu, revitalizando meu coração, mais o transformando em carne seca, rigida, protegida por uma grossa camada de aprendizado e medo de ser novamente judiado.


Agora eu o idrato com minhas lagrimas de audades e superação. Em meu colo, essa carne se molha de amor. Descança, e aos poucos se amolece novamente, para consegui voltar a este corpo que sobreviveiu a um amor que nao foi reciproco.


segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O diabo




- ai me perdi... 

-você estava falando de ter medo, sei la.

- ah sim, é... to perdendo o medo da imprevisibilidade. 

- ta vivendo o tempo espiralado? 

- não sei. Essa binaridade de "linear ou espiral" é uma merda. 

- nós não somos binárias mesmo sendo femininas... digo, nós travestis. Não somos homens nem mulher e bla bla bla. Senti isso... lembrei, sei la. Acho que tem a ver com frequência também, né?

- travesti é um gênero, nada mais. Um gênero! 

- sim, e foda-se. To dizendo da frequência do nosso corpo transfigurado. Ou, da frequência que possibilita nossa transfiguração. 

-hum. eai amore? 

- então não to falando de gênero... mas to falando especificamente de nós travestis. que confusão! porra, que difícil dizer sobre nosso corpo. 

- pois é, a merda é essa. a língua que a gente se comunica é uma desgraça. To tentando falar COM o corpo. Sei la também 

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

- eai, me conta como foi!

-não sei se consigo; é inexplicável, minha avó diz que....

-então porque você voltou? 

- sim eu decidi por isso, mas as vezes me arrependo... ou me canso demais, sei la. 

-  é, eu estou perdendo o medo de sua morte...

- e eu de ser inexplicável também... 

é inexplicável.. por isso crio lembretes e convites à mim mesma. Eu não tinha medo... subia um troço em cima de mim e por dentro de mim... Eu quanto mais eu me esquecia mais eu me lembrava que daqui ja não mais sou. 
- se você chegou aqui, é porque  você passou por vários ciclos.
- sim amiga... 
eu lembrei de meus vícios e esqueci de ter medo deles. 
- nossa, me emecionei muito. sou feliz por ja ter te encontrado nessa vida amiga. Somos uma família. 
-sim amiga, a espiritualidade me disse sobre um prazer... 
-a vida tem que ser prazerosa. 

terça-feira, 11 de agosto de 2020

 Escrevo sobre aquilo que entidades me cotam, algumas coisas eu compartilho outras eu guardo segredo. Escrevo com medo, com preguiça, com raiva, com vontade de desistir. Ai depois eu sinto prazer... as vezes durante também. Mas é sempre muito cansativo. E na leitura não é diferente... ano passado comecei a ler A Parabola do Semeador... precisei de 6 meses para ler metade do livro. Depois demorei mais 3 meses para consegui tocar nele novamente e dar continuidade a leitura, ai quando terminei fiquei feliz e desde então estou supreendida com o poder da obra de Octavia Butler em minha vitalidade... ela me redireciona, me puxa, me larga... 

Mas nunca senti medo de Octavia ou de Jota. Medo não há, e muito há a segurança de que não preciso ficar me explicando muito para me comunicar. Elas me ensinam a comunicar-me. No inicio de minha transição de genero eu lia muito Jota... a escrita me ajudou a criar Castiel. Ler Octavia me ajuda a abandonar Castiel... que é o abandono da nomeação... tornar-me inominável, insôndável, imprevisível... 

As duas ficcionam, e penso que ficcionar é manipular muito bem essa linearidade que nos constituem.  Da linguagem Portugues eu não espero nada além do que ela pode me oferecer: o mundo amaldiçoado. Mas as altoras me ajudam a usar a palavra como ferramenta de convite... me ajuda a criar convites e lembretes para se perder na Kalunga; lugar onde as formas se diluem e onde a força vital  toma o lugar da raça.  

terça-feira, 28 de julho de 2020

Se a macumbaria preexiste ao Novo Mundo, e aqui persiste enquanto Memórias da Transfiguração, lembradas e cultuadas em nossas fisicalidades e arquiteturas. Se a macumbaria existe antes da fotografia, da televisão e da internet, então não há nela uma dependência aos veículos comunicacionais que sustentam a temporalidade linear, mas sim, existe uma relação acontecendo porque macumba é movimento feito em terras, mares, rios e céus amaldiçoados pela comunicação que nos anuncia a morte do esquecimento! 
Macumba é movimento que gera energia e energia que gera movimento. Meu encontro virtual com minha amiga Ventura Profana alterou o campo energético de minha casa e nossa conexão invisível provou que a internet não é a nova roda mas sim incompetente em sua falsa promessa de dar visibilidade.
Porque, a invisibilidade de nossas conexões macumbeiras já nos era uma realidade tecnológica; não virtal, mas carnal. Quando nos comunicamos pelo olhar, e mesmo no escuro, no apagão, acessamos uma a outra e reafirmamos nossa persistência de continuarmos juntas. Afirmamos a incorporação uma da outra. 
Se de fato somos espiritualizadas, nossa energia nunca será suportada pelo wifi.
Mas, isso é o nosso mistério. Porque ainda assim nos tornamos visíveis aos olhos da contemplação que pouco conseguem nos encontrar no apagão; e nem devem.

domingo, 26 de julho de 2020

Ontem 02:20

olha, eu nao botei mt minha voz pq fico recuada nos encontros virtuais, me limitam em algm lugar esse registro “nao presencial” q n tem ali a carne emanado calor, o respiro o toque né...mas sinto q ultrapassamos ali a frieza da tela, estou mt tocada atravessada por td q foi implicado ali, por essa espiral q mergulhamos. porra sou mt admiradora de seu trabalho de todas as suas perambulancias compartilhadas. foi um alimento sagrado esses encontro, agradeço por torna isto possível! torcendo sempre por ti,compartilho todo carinho amor e luz pros teus caminhos! e eu amo seu sorriso, uma delicia! te sinto. bejao!🦋❤️

sexta-feira, 17 de julho de 2020

a palavra Travesti tem uma longa história que me antecede e me constitui porque Travesti é a palavra usada para nomear transmutações da carne e do espirito que acontecem nesse planeta antes mesmo da palava Travesti existir.
A transfiguração antecede a palavra, porque o corpo antecede qualquer linguagem criada na encarnação, mesmo que a linguagem crie corpos.
Então, a palavra Travesti antecede as nomeações Queer no Brasil, e desde sempre aponta para transmutações que hoje são traduzidas como Queer. Mas Travesti não se traduz; assim como Bixa e Sapatão também não. 
Por isso estudo, compreendo, respeito e modifico a história da palavra e das existências Travestis.
Porque no Brasil a monstruosidade só é opção pras pessoas brancas. Sou negra, nasci monstra.
Então como é possível abdicar de uma coisa que nunca tive (a humanidade, a normalidade ) ?
A Beleza Travesti é a beleza da Transfiguração. Então é a beleza fenotípica e espiritual.
Olha, eu não trabalho com a categoria Queer nem com a Mulher.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

sim, nós ocupamos o vazio com a fala, que é líquida, que escorre Kalunga, os momentos de silêncio são mais importantes, esses suspiros também, por isso sinto você
agora, a você travesti de coragem, não tema a vastidão da falta, você risca algo tão marcante em nossas encruzilhadas que a futuridade dirá o quanto é importante confundir a fala academicista que não assenta o desvio
Foto do perfil de r__horacio
você tem fome de dá passagem a esses universos, fome de transmitir conhecimento, nos juntamos em mesa farta e mergulhamos