terça-feira, 11 de agosto de 2020

 Escrevo sobre aquilo que entidades me cotam, algumas coisas eu compartilho outras eu guardo segredo. Escrevo com medo, com preguiça, com raiva, com vontade de desistir. Ai depois eu sinto prazer... as vezes durante também. Mas é sempre muito cansativo. E na leitura não é diferente... ano passado comecei a ler A Parabola do Semeador... precisei de 6 meses para ler metade do livro. Depois demorei mais 3 meses para consegui tocar nele novamente e dar continuidade a leitura, ai quando terminei fiquei feliz e desde então estou supreendida com o poder da obra de Octavia Butler em minha vitalidade... ela me redireciona, me puxa, me larga... 

Mas nunca senti medo de Octavia ou de Jota. Medo não há, e muito há a segurança de que não preciso ficar me explicando muito para me comunicar. Elas me ensinam a comunicar-me. No inicio de minha transição de genero eu lia muito Jota... a escrita me ajudou a criar Castiel. Ler Octavia me ajuda a abandonar Castiel... que é o abandono da nomeação... tornar-me inominável, insôndável, imprevisível... 

As duas ficcionam, e penso que ficcionar é manipular muito bem essa linearidade que nos constituem.  Da linguagem Portugues eu não espero nada além do que ela pode me oferecer: o mundo amaldiçoado. Mas as altoras me ajudam a usar a palavra como ferramenta de convite... me ajuda a criar convites e lembretes para se perder na Kalunga; lugar onde as formas se diluem e onde a força vital  toma o lugar da raça.  

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