quarta-feira, 29 de abril de 2020

notas sobre passabilidade

aproveitando que travas e mulheres trans branquelas estão dizendo por ai que devemos alguma coisa para travestis que no passado foram "passáveis", quero dizer:

- desde quando o corpo feito por bombadeiras é assimilado pela sociedade brasileira como um "mulher cisgênera" ?

-não devo absolutamente nada à nenhuma gata que é confundida com mulher cis. Eu devo a minha vida à Lacraia, Cris Negão, Tibira, Xica Manicongo. Não devo nada ao delírio de cisgeneridade que algumas gatas desejam viver e vivem.

-"travestis passáveis;' não abriram a mim caminhos de sobrevivência com sua passabilidade, porque eu não sou nem quero ser lida socialmente como uma mulher cisgênera. Eu sou travesti. Quem abre caminho pra mim é aquem sobrevive não sendo confundida como uma mulher cisgênera.

-não chame de "dar close" a falta de acesso ou não desejo de querer ser cisgênera. A modificação corporal sempre acontece nas travestilidades. Nossa "desconformidade" ou "impassabilidade" não é de agora. Isso é ser travesti. Acorda!

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